IBB242 - Morfologia e taxonomia de Espermatófitas II

As Práticas de campo desta disciplina envolvem a coleta em ambiente de Terra firme (Plotô, Capoeira e Campinarana) no PARNA Viruá e coletas em ambinete de Várzea e Igapó em uma excursão de barco nos arredores de Iranduba e Tupé. 

Práticas de campo

2017/1: Prática no PARNA Viruá e de barco em ambiente de várzea e igapó

2018/1: Prática no PARNA Viruá e coletas de bote no Rio Branco

 

PARNA Viruá

(adaptado do plano de manejo do PARNA Viruá - introdução e tópico 6.5 vegetação - disponível para download na página do PARNA Viruá do ICMBio)

O Parque Nacional do Viruá está localizado na região centro-sul do Estado de Roraima, no Município de Caracaraí, a 200 Km de Boa Vista. O acesso é feito através da BR-174, rodovia federal que liga Manaus à Venezuela (Fig. 1).

A Estrada Perdida, trecho original da BR-174 abandonado pela inviabilidade da obra na região, é o principal acesso terrestre ao interior do Parque. Dela parte uma estrada de acesso ao Núcleo-Sede da UC, onde se concentram as atividades de pesquisa, educação e integração socioambiental.

A Estrada Perdida é parte da memória da abertura da BR-174. Construída pelo Exército Brasileiro na década de 1980, com a estrutura de uma transpantaneira, a Estrada Perdida representa o traçado original desta rodovia federal: uma obra pública de alto custo, que enfrentou grandes dificuldades impostas pelas condições de terreno (arenoso, encharcado e inconsolidado) próprias do Pantanal Setentrional.

FIGURA 1. Mapa do acesso terrestre pela BR-174 e acessos fluviais pelos rios Branco e Anauá ao Parque Nacional do Viruá.

O Parque Nacional do Viruá está situado em uma região especial para espécies de plantas na Amazônia, onde são esperados os maiores índices de diversidade florística do bioma. Sua localização no contato entre formações geológicas com características biogeográficas distintas (Escudo das Guianas e Pantanal Setentrional), somada à elevada heterogeneidade ambiental, favorece a ocorrência de uma grande variedade de espécies, resultando em níveis excepcionais de biodiversidade.

O Parque Nacional do Viruá está inserido na Região Ecológica das Campinaranas (vegetação sobre solos arenosos), tipo de vegetação que tem como principal zona de ocorrência as bacias dos rios Negro, Branco e Orinoco, abrangendo áreas da Amazônia brasileira, colombiana e venezuelana. São um vasto espaço arenoso, quimicamente pobre, aberto, de vegetação tolhida em seu porte pela escassez de nutrientes. Espaço que alterna-se ao sabor dos ciclos sazonais, ora encharcado, ora seco, areento, pontilhado de brejais, serrotes florestados, buritizais, dunas antigas, veredas, pantanais, planícies coalescidas, igapós e toda a miríade de paisagens alagadiças amazônicas. As Campinaranas e Florestas Ombrófilas Densas aluviais (florestas de várzea e igapó) representam 45% e 47% respectivamente da cobertura vegetal do Parque, observando-se o contato abrupto com Formações Pioneiras (buritizais, campos brejosos) e Florestas Ombrófilas Abertas das Terras Baixas, além de pequenos enclaves de Florestas Ombrófilas Abertas Submontanas em morros residuais isolados (Fig. 2). Conforme aumenta o encharcamento dos solos, as Campinaranas florestadas são substituídas por formações de Campinarana arbóreo-arbustiva, passando pelas gramíneo-lenhosas até puramente herbáceas, com feição de campo brejoso.

As Campinaranas estão sujeitas ao comando sazonal do fogo na fase seca e o encharcamento mais ou menos prolongado na fase úmida. Extremos que ampliam as extensões campestres, e exaurem o sistema até limites críticos para permitir a manutenção de árvores, que apresentam um tamanho reduzido para sobreviver no adverso mundo arenoso, desaparecem completamente pela queima recorrente. Resta um “deserto” químico para árvores, compensado pelas adaptações das plantas herbáceas super tolerantes: eriocauláceas, droseráceas, ciperáceas, gramíneas silicosas, xiridáceas, rapateáceas. Reduz-se a biomassa, o porte, o tamanho, mas preserva-se a diversidade, no mundo miúdo das ervas rasteiras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FIGURA 2. Mapa vegetacional do PARNA Viruá, com representações dos principais corpos d'água e posicionamento da sede do parque, grid PPBio e da Estrada perdida.

Material de apoio (Kits) utilizado em ambas excursões: Cada grupo receberá um kit com materiais essenciais para uma coleta botânica. Ao final da prática de campos tais kits deverão ser entregues limpos e organizados. Os materiais que constituem os kits são: tesoura de poda, fundo ou pano preto para fotos, escalas para as fotos, potes para conservação de amostras em álcool glicerinado ou FAA, caderneta de campo.

Material sugerido: Rede (prática de barco) ou barraca (PARNA Viruá), mochila, calças leves, camiseta de manga comprida, bota impermeável ou calçados fechados para caminhada, repelente, câmera ou celular para fotografar, protetor solar, notebook para confecção e apresentação dos seminários (opcional) e material de coleta botânica (opcional).

 

  • 2017/1: Prática no PARNA Viruá e de barco em ambiente de várzea e igapó

Prática de Florística

Abordar e exercitar, de maneira sucinta, as principais metodologias de amostragem empregadas em estudos sobre vegetação.

Identificar as espécies que ocorrem na área de estudo e representam uma importante etapa no conhecimento de um ecossistema por fornecer informações básicas aos estudos biológicos subsequentes.

8h - 12h Atividade em campo

Coletar o máximo de espécies diferentes em campo.

14 - 22h Atividade no alojamento

Prensar rapidamente de 3 a 5 amostras férteis de cada espécie coletada, deixando sempre material suficiente para posterior o estudo e identificação.

Identificar 5 destas espécies até o nível de família.

Fazer a apresentação das espécies identificadas com maior detalhamento de uma espécie que será indicada pelo professor.

Preencher a tabela de caracteres abaixo em um arquivo excel para as 5 espécies e colocar no final da apresentação (OBS: esta tabela irá ajudá-los a correr a chave de família do livro de Botânica Sistemática do Souza & Lorenzi).

Prática de Sistemática de uma Família

Aprender a caracterizar uma família em campo.

Observar a variação morfológica dentro das espécies de uma mesma família.

Observar e reconhecer os caracteres diagnósticos de cada família.

8h - 12h Atividade em campo

Identificar e coletar o máximo de espécies de uma mesma família em campo.

Identificar as características diagnósticas da família em campo.

Tirar fotos das características relevantes da família em campo.

14 - 22h Atividade no alojamento

Prensar as amostras das espécies que ainda não foram coletadas pelo grupo.

Fazer apresentação contendo as características que unem as espécies coletadas como família e das características que as separam.

Fazer uma chave dicotômica das espécies encontradas para a família.

Preencher a tabela de caracteres, no mesmo arquivo.

 

Prática de Confecção de Guia de Campo

Confeccionar um guia de campo das espécies botânicas do Parna Viruá.

Observar e reconhecer os caracteres diagnósticos de cada família.

8h - 12h Atividade em campo

Coletar o máximo de espécies diferentes em campo.

Coletar no mínimo 5 exemplares em bom estado de indivíduos férteis .

Tirar fotos da coleta, principalmente das estruturas que poderão murchar ou cair no transporte até a base, colocar as flores mais delicadas em álcool glicerinado.

Tirar fotos das características diagnósticas da família.

Anotar detalhadamente as informações sobre a coleta na caderneta de campo.

14 - 22h Atividade no alojamento

Identificar as espécies coletadas.

Preencher a tabela de caracteres.

Montar um guia de campo com todas as espécies diferentes coletadas pelo grupo: fazer as descrições e diagnoses para reconhecimento dos especímenes, fazer descrições ambientais de ocorrência do espécime, separar os especímenes entre os ambientes de ocorrência (Campinarana, estrada da perdida, Florestas Ombrófilas Abertas) e fazer a prancha de fotografias ilustrativas de cada espécime com ênfase nas flores, frutos, hábito e caracteres diagnósticos.

Basear-se no modelo de design de página do guia a ser passado pelos professores e monitores.

Apresentar o guia de espécies coletadas pelo grupo.

 

Prática de Barco em ambiente de Várzea e Igapó

A área de estudo escolhida para esta prática irá abarcar os ecossistemas amazônicos que sofrem inundações durante a estação chuvosa, a várzea e o igapó (Fig. 3). O ecossistema é denominado de várzea se o rio é de água branca e é denominado igapó se o rio for de água preta. O estabelecimento e crescimento das comunidades de plantas presentes nesses ambientes podem ser influenciados pelas diferenças nas características destes rios. Os rios de água branca são de origem andina, apresentam águas férteis, com mais minerais, com pH relativamente neutro e elevada condutividade elétrica devido à alta concentração de íons dissolvidos. Já os rios de água preta tem origem no já desgastado planalto das guianas, apresentam águas pobres em nutrientes, com pH ácido, devido as altas concentrações de substâncias orgânicas dissolvidas provenientes da decomposição da matéria orgânica da floresta.

FIGURA 3. Mapa de localização das três áreas de coleta (Lago do Catalão, rio Xiboreninha e Lago do Tupé).

A prática é voltada para que os discentes se familiarizem com ambientes de várzea e igapó, identificando as semelhanças e diferenças entre os dois ambientes, assim como as adaptações que as plantas têm para estes ambientes que alagam periodicamente.

Objetivos:

- Detectar as adaptações das plantas à seca/enchente.

- Detectar espécies que evoluíram um caráter convergentemente em resposta a adaptação para a enchente (convergência evolutiva).

- Detectar as espécies que possuem plasticidade fenotípica em resposta a uma adaptação.

- Observar as diferenças na fitofisionomia entre as áreas de várzea e de igapó.

 

Atividade de campo

Coletar com o kit e levar uma cuba para conservar as plantas aquáticas.

Fazer as anotações típicas de cada coleta.

Se for coletar planta aquática observar se flutuação livre, se está em estrutura de rizoma ou se está presa no fundo.

Coletar informações ecológicas das plantas, se há adaptações para a inundação, se há aerênquima.

Fotografar e anotar as informações das adaptações das plantas para o ambiente aquático.

Tirar fotos da flor na hora da coleta, e colocá-las em pote com álcool.

Observar interações inseto planta.

Observar as síndromes de dispersão e polinização quando possível.

Observar adaptações para competição entre as plantas presença de estolão.

Estimar área de cobertura

 

Processamento das amostras

Fazer exsicatas com 3 duplicatas de cada amostras coletada.

Identificar 5 amostras até o nível de família.

Preencher a tabela de caracteres destas cinco amostras no excel.

Organizar e renomear as fotos.

Fazer apresentação.

 

Apresentação

Para os dois primeiros dias - na várzea - Resumir no primeiro slide as principais mudanças ambientais e diferentes adaptações das plantas para a seca e a enchente.

Para o último dia - no Igapó - Resumir no primeiro slide as principais diferenças notadas na fitofisionomia da várzea para o igapó.

Apresentar as características diagnósticas das famílias coletadas.

Apresentar síndrome de dispersão e de polinização, se houver.

Slide final - Procurar dentre as espécies/famílias coletadas quais têm convergências adaptativas para o ambiente alagado e quais possuem plasticidade fenotípica em resposta às mudanças do ambiente.

 

  • 2018/1: Prática no PARNA Viruá e coletas de bote no Rio Branco

DIA 18/05: TRANSLADO MANAUS/PARNA VIRUÁ;
DIAS 19 A 23/05:
6:30 - 7:30H - CAFÉ DA MANHÃ;
7:30-12H - COLETAS E OBSERVAÇÕES DE CAMPO: As coletas foram realizadas ao longo de trilhas já existentes nos diferentes tipos de vegetação do Parque seguindo metodologia específica de coleta botânica, de acordo com o cronograma a seguir:
        19/05 - Coletas na terra firme e lagos de empréstimo da Estrada Perdida;
        20/05 - Coletas na Campina da Estrada Perdida;
        21/05 - Coletas de material para a confecção de espécie nova na Estrada Perdida;
        22/05 - Grupos A, B e D coletaram na margem do Rio Branco que faz divisa com o PARNA Viruá e os grupos C, E, F e G coletaram Melastomataceae e Poaceae para a caracterização das famílias em ambiente de terra firme e aquático para comparações posteriores; e
        23/05 -  Grupos C, E, F e G coletaram na margem do Rio Branco que faz divisa com o PARNA Viruá e os grupos A, B e D  coletaram Rubiaceae para caracterização da família  em ambiente de terra firme e aquático para comparações posteriores.

12-13H - ALMOÇO NA SEDE DO PARNA VIRUÁ;
13-18H - TRIAGEM E PREPARAÇÃO DO MATERIAL E DOS SEMINÁRIOS: Na sede do Parque todo o material foi preparado, prensado, colocado na estufa e sua maioria foi identificado até o nível de família botânica;
18-19H- JANTAR NA SEDE DO PARNA;
19-23H- APRESENTAÇÃO DOS SEMINÁRIOS;
DIA 24/05: TRANSLADO PARNA VIRUÁ/MANAUS.

 

 

 
 

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