Primeiro dia do VII Workshop do Projeto Biotupé
Após checar se todos os que haviam dito que iriam de barco na manhã da sexta feira, dia 12, estava à bordo, 52 pessoas, partimos rumo ao lago Tupé. Após uma hora de viagem chegamos ao destino. Algumas pessoas, coordenadas pela Profa. Veridiana já estavam na Estação desde o dia anterior, para preparar tudo para nossa chegada e a realização das atividades do workshop. Tudo desembarcado e, já na estação, foi só arrumar tudo e nos preparar para entregar o material de apoio do workshop, atar as redes ou armar as barracas na praia, dar um mergulho, almoçar e esperar o horário de início da programação oficial, 14:00 horas. A abertura do evento. 14:00 horas foi aberto o evento com a presença da secretária municipal de meio ambiente do município (SEMMA) de Manaus, Luciana Valente. A SEMMA é a gestora da RDS. Luciana esteve acompanhada da chefe do departamento de áreas protegidas do município Rosana Subirá. A secretária fez um breve relato das atividades da SEMMA em relação à RDS. Mencionou que “muito foi feito, mas que ainda havia muita coisa a ser consolidada, como a própria RDS, mas que isso dependeria muito mais da percepção dos seus habitantes sobre a importância dessa unidade de conservação e da vantagem da sua existência para os comunitários”. Luciana e Rosana, que estavam também se despedindo da SEMMA, no próximo ano não farão mais parte da Secretaria, desejaram sucesso ao evento e bom proveito aos presentes e retornaram a Manaus no final da tarde. A seguir tivemos a primeira mesa redonda programada: POPULARIZAÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA PARA COMUNIDADES RURAIS DO AMAZONAS, em que participaram Allan Rodrigues, professor da Faculdade Boas Novas e coordenador do Portal da Ciência, que faz divulgação cientifica pela WEB. Participou também Grace Soares, a Editora Chefe da Revista Amazonas faz Ciência, revista de divulgação cientifica da FAPEAM (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) e Edinaldo Nelson, coordenador do Biotupé e responsável pelo projeto de Popularização científica sobre água, saneamento, higiene e saúde para comunidades da RDS e seu entorno. Allan iniciou sua participação reproduzindo a frase “Ciência sem divulgação não existe” e a partir daí discorreu durante trinta minutos sobre a experiência do Portal da Ciência, sua experiência pessoal quando da realização do seu mestrado, que foi sobre divulgação científica em comunidades rurais da RDS de Mamirauá. Colocou o Portal da Ciência à disposição para divulgar atividades do Biotupé. Allan é professor do curso de jornalismo da Faculdade Boas Novas. Grace Soares por sua vez, relatou a história da revista Amazonas faz Ciência e da FAPEAM no campo da divulgação cientifica e do apoio às iniciativas nessa área. Ressaltou a criação dos programas Divulga Ciência de apoio a difusão científica no estado do Amazonas e do programa de Comunicação Científica de apoio a divulgação cientifica. Grace convidou pesquisadores e professores a divulgarem suas pesquisas através do site da FAPEAM e também da revista Amazonas Faz Ciência. O coordenador do Biotupé, Edinaldo Nelson, fez sua apresentação relatando a experiência e evolução da popularização e divulgação cientifica no próprio projeto Biotupé, que culmina hoje com a execução de um projeto de popularização cientifica, financiado pelo CNPq, sobre assuntos de grande interesse e que geralmente são problemáticos nas comunidades da RDS do Tupé. A temática desse projeto é água, saneamento, higiene e saúde. Nossa principal preocupação é, segundo Nelson, “é compartilhar os saberes apreendidos por nós do projeto com os saberes locais, fruto da experiência de vida, crenças e cultura desses comunitários no seu longo relacionamento com os seus lugares. O casamento desses saberes é fundamental para que soluções adequadas sejam encontradas e implementadas, para resolver os problemas relacionados, por exemplo, ao acesso contínuo e regular à água de boa qualidade, à destinação adequada aos dejetos humanos, formas adequadas de higiene. Tudo isso contribuirá decisivamente para condições de saúde melhores e duradouras”. Outro grande desafio é desmistificar algumas crenças, que dificultam a compreensão sobre o funcionamento de fenômenos naturais, “mas fazer isso sem desmerecer, diminuir ou desvalorizar estas crenças é onde reside um de nossos grandes desafios”, afirmou Nelson. Outra dificuldade, transformada por nós em mais um desafio, é realmente compartilhar as informações científicas, sem a usual atitude arrogante e pretensamente superior de quem “sabe mais”. “Essa postura dificulta o diálogo, a troca o compartilhamento de experiências de vida”, ressaltou Edinaldo. Os estudantes bolsistas que participam do projeto, ministrando as nossas oficinas demonstrativas e mediando as conversas tem uma grande dificuldade. Outro desafio. Que é inovar, fazer diferente. Em geral repetem o pior daquilo que são “vitimas” nos bancos das universidades e faculdades, que o papel do “professor”, que em geral se reduz a ser o porta-voz dos livros, se reduz a ser um “atravessador” das informações. “Os estudantes não são ensinados ou treinados para pensar, resolver problemas, lidar com situações inesperadas, mas sim a serem individualistas, altamente competitivos e demasiadamente especializados”. Ao serem colocados frente a frente com um grupo de comunitários, com saberes diversos, com níveis de letramento heterogêneo e em geral muito reduzido, não sabem o que fazer. Chegam ao ponto até de sugerirem usar o “data show”, é, lá numa comunidade onde sequer tem energia elétrica regularmente. Difícil entender, que pode-se fazer isso numa roda, sentados debaixo de um pé de pau, ou ao redor de uma mesa, tomando um café, uma água. Mas estamos aprendendo! Outra dificuldade apontada pelos participantes da mesa foram as condições de acesso às comunidades rurais, principalmente devido ao ciclo natural e periódico de subida e descida das águas, que por um lado facilita, mas em outros momentos dificulta as atividades. Programação para execução das atividades nessas comunidades é fundamental, mas situações inesperadas e até inusitadas acontecem. Principalmente em ano de eleição, como este que está chegando ao fim. Se tem parlamentar, postulante a parlamentar (candidatos) ou mesmo cabos eleitorais na área, nem pensar em oferecer qualquer outra atividade ao mesmo tempo. Não conseguimos ainda ser páreo para o “clientelismo”que ainda grassa por nossas bandas. Pior que muitas vezes é o que chamo de “clientelismo público e oficial”, quando se oferecem serviços, direitos nossos, como se fossem favores, benesses, que são financiadas com dinheiro público, com o nosso dinheiro. Por isso informação é importante. Informação científica sobre os fenômenos do nosso dia-a-dia. Das 19:00 as 21:00 horas tivemos apresentações de resultados dos projetos individuais dos estudantes e bolsistas do projeto, ligados à biodiversidade a mais ampla área de atuação do projeto.