Projeto Biotupé Instala Horto Medicinal
No último final de semana, dias 14 e 15 de março, através de projeto financiado pelo CNPq: Saberes e práticas locais sobre plantas de uso medicinal: promovendo a saúde, boas práticas agrícolas, resgate e valorização da cultura popular, foi instalado o horto medicinal comunitário no Julião, uma das seis comunidades da RDS do Tupé, na zona rural do município de Manaus. Nestes dois dias foram realizadas oficinas com as crianças sobre o horto medicinal. Mulheres e homens da comunidade, juntamente com a equipe do Saberes Locais, colocaram a mão na terra e iniciaram a implantação do horto medicinal comunitário. Na ocasião foi instalado o primeiro canteiro do horto, onde já foram plantadas as primeiras mudas de plantas medicinais usadas na comunidade. Nas próximas etapas outros canteiros serão instalados até planejamento inicial ser completado. O horto medicinal terá papel de centro irradiador do conhecimento sobre uso e cultivo de plantas de uso medicinal. Baseado no resgate do conhecimento popular ainda existente entre os comunitários o horto propiciará condições para que este conhecimento, sistematizado e organizado, seja repassado a todos os comunitários, principalmente para as crianças e jovens que já nem sabiam mais que determinadas enfermidades poderiam ser tratadas, com segurança, com plantas cultivadas em seus próprios quintais, ou presentes na mata ao redor da comunidade. Quatro jovens que moram no Julião e, cursam o ensino fundamental na escola da comunidade estão participando das atividades deste projeto. Eles estão recebendo treinamento de iniciação cientifica sobre plantas de uso medicinal, orientados por pesquisadores do Biotupé. Estes jovens são bolsistas do Programa de Iniciação Cientifica Júnior, Programa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM, através de cota institucional do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA. O papel destes jovens tem sido muito importante, principalmente no âmbito de suas famílias, que estão fortemente envolvidas com as atividades de responsabilidade dos seus filhos. Assim a importância do horto e uso de plantas para fins medicinais vem sendo consolidado. Outras ações estão planejados para promover esta consolidação. Uma das coisas mais importantes é fortalecimento da percepção dos comunitários que isto tudo está sendo feito tendo como base fundamental o conhecimento dos próprios comunitários. Este conhecimento está sendo resgatado, organizado e, sua valorização virá através da sua difusão para todos e principalmente para as novas gerações de moradores das comunidades. Outra ação importante a ser buscada será a apropriação deste conhecimento e uso pelas atividades do Sistema Único de Saúde. Os profissionais da área de saúde que atuam na zona rural do município de Manaus precisam conhecer estas plantas e seus usos, para assim fazeres prescrições do uso dessas plantas que podem dar conta das enfermidades mais comuns que ocorrem nessas áreas. Isto será de grande importância para valorizar o conhecimento popular sobre estas plantas e assim também diminuir as despesas com medicamentos industrializados, geralmente caros de aquisição muitas vezes difícil. Para contribuir com isso o projeto está pesquisando na literatura especializada, ou através de pesquisas próprias realizadas por estudantes de pós-graduação, evidências cientificas que comprovem a eficácia destas plantas no tratamento de determinadas doenças. A coordenadora do “Saberes Locais”, Dra. Veridiana Scudeller, professora da UEA afirmou que espera que ao final do financiamento, daqui a um ano, “os comunitários efetivamente se apropriem do horto e através de suas instâncias de organização comunitária, o mantenham e dêem continuidade às atividades de valorização e difusão do seu conhecimento e ainda melhorando suas condições de saúde.” Esta experiência poderá, no futuro, ser ampliada para abranger todas as comunidades da RDS, que são em número de cinco, ou mesmo outras comunidades rurais da Amazônia. É a união do conhecimento popular tradicional e a pesquisa científica fazendo a diferença na vida de comunidades rurais na Amazônia.