Tupé terá atividades sócio-econômicas avaliadas

Pela primeira vez as atividades sócio-econômicas realizadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDST), em Manaus-AM, pelo projeto Biotupé, serão avaliadas por um programa internacional. O objetivo é verificar como as comunidades que moram na RDST recebem as iniciativas na área de desenvolvimento sustentável. Ou seja, analisar se de alguma forma as vidas das pessoas que vivem no local foram alteradas ou não.

O projeto Biotupé é um grupo multidisciplinar e multinstitucional de pesquisa de longo prazo. Seu objetivo geral é “o estudo do meio físico, da diversidade biológica e sociocultural da RDST”, que adotou o Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (DLIS) como estratégia de atuação e intervenção na RDS. O projeto conta com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

As análises serão conduzidas pelo “Duramaz: um programa sobre os determinantes do desenvolvimento sustentável na Amazônia brasileira”. O programa é coordenado por quatro equipes de pesquisa da França e do Brasil. O grupo é composto por 15 pesquisadores, entre geólogos e antropólogos. Eles estudam, desde 2007, por meio das ciências humanas e sociais, 15 comunidades rurais do país.

Segundo o Coordenador do Biotupé e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Edinaldo Nelson dos Santos Silva, no Amazonas, o projeto será o primeiro a ser estudado pelo Duramaz.

“O primeiro contato aconteceu há um ano. Na época, eles falaram sobre o interesse de fazer um levantamento dos impactos do uso da biodiversidade para a geração de renda. Com as análises será possível corrigir erros e propor novas formas para condução das atividades, entre as quais: aproveitamento da polpa de cupuaçu e criação de tambaqui em tanques rede”, destacou, ressaltando que, no último domingo, foi feita a primeira visita à reserva.

A professora e geógrafa da Universidade de Paris III, Martine Droulers, que há 30 anos acompanha o desenvolvimento da Amazônia, tendo acompanhado as aberturas e impacto das estradas na região na década de 70, explicou que a metodologia que será utilizada no estudo foi desenvolvida na França.

“Nós acompanhamos os conflitos entre os atores e os problemas de governança. Queremos avançar na teoria ecológica, econômica, social e política sobre os efeitos locais e regionais do desenvolvimento sustentável. Para isso, fazemos pesquisas de campo sobre a sustentabilidade”, afirmou.

Campos temáticos – As análises serão conduzidas em quatro campos temáticos: geográfico; demográfico; sócio-econômico e sócio-político. No geográfico, será utilizado o sensoriamento remoto. Entre os levantamentos, será analisada a estrutura da vegetação, a diversidade de espécies e as mudanças climáticas percebida, a partir de entrevistas com os comunitários.

No demográfico, os pesquisadores aplicarão questionários biográficos para saber a composição familiar, natalidade, fecundidade, nupcialidade, trajetória migratória e profissional, ano e lugar do nascimento e dos diferentes lugares de moradia. Ao final, serão cruzados os dados geográficos e demográficos para determinar a pressão humana sobre a biodiversidade.

Já no campo sócio-econômico serão aplicados questionários familiar e de produção para saber o tipo de atividade familiar, renda, produção vendida, bem como eles vêem os filhos futuramente. Ou seja, se morando na comunidade ou estudando na capital. E, por último, o sócio-político, que será realizado por meio de entrevistas com os moradores para verificar a atuação política, benefícios obtidos e programas desenvolvidos nas comunidades.

“O levantamento será feito durante quatro meses e serão realizadas 35 entrevistas. O objetivo é determinar a pressão humana e o sistema de governança do local. Ao final, os dados serão analisados e apresentados aos comunitários por meio de seminários”, explicou.

Desenvolvimento sustentável – De acordo com Droulers, no caminho clássico do desenvolvimento econômico, verifica-se que, quanto maior a pegada ecológica, maior o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos países de primeiro mundo. No terceiro mundo, segundo a pesquisadora, verifica-se o contrário. Por isso, ela questiona: “Será se é possível chegar a um IDH maior com uma pegada ecológica menor. Será que é possível desenvolvimento sustentável?”, finalizou.

Pegada ecológica – É o nome de uma metodologia criada para avaliar a área de terra e água que uma pessoa ou a população inteira de uma cidade precisa, em um ano, para produzir os recursos que consome e assimilar os resíduos gerados, incluindo as emissões de gás carbônico na atmosfera. Ou seja, o método traça uma comparação entre o consumo humano e a capacidade da natureza de suportá-lo. O resultado dessa conta é o indicador do impacto ambiental que exercemos sobre o planeta. Com esse cálculo em mãos é possível planejar o uso dos recursos naturais de forma mais consciente, menos predadora (fonte: site Planeta Sustentável ).

Serviço:

A professora e geógrafa da Universidade de Paris III, Martine Droulers, fará uma apresentação sobre “Desenvolvimento Sustentável: Novas Abordagens”, em seminário previsto para acontecer no período de 15 a 18 de setembro, de 14h às 17h, no auditório da reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), situado na avenida Djalma Batista.

Na programação: proposta geral; definições e figuras do desenvolvimento sustentável; a dimensão do tempo; a sustentabilidade futura está inscrita no passado; fatores, atores, população na era da globalização e da regionalização; os determinantes da sustentabilidade – programa de pesquisa Duramaz.

Fonte: Agência Fapeam -
2008-09-12 - 14:28:57

Foto: Biotupé

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