Projeto “Saberes Locais” do grupo de Pesquisas Biotupé apresenta seus primeiros resultados em congressos

Durante o XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil e X International Congress of Ethnopharmacology, realizados no período de 16-20 de setembro, em São Paulo, foram apresentadas três comunicações científicas sobre os primeiros resultados do projeto Saberes e Práticas Locais sobre Plantas Medicinais: promovendo a saúde, boas práticas agrícolas, resgate e valorização da cultura popular (Saberes Locais). Este projeto é financiado pelo CNPq, através do Edital MCT/CNPq/MDA/MDS/SESAN – 36/2007. Estes resultados foram apresentados por quatro integrantes do projeto: Daniely Gomes e Luciana Negro Vaz, bolsistas de Iniciação Científica, Josephina da Veiga, doutoranda Botânica/INPA e Dra. Veridiana Scudeller (MBT/ESA/UEA), coordenadora do “Saberes Locais” e orientadora das estudantes. As apresentações foram em forma de “poster”: 1)Saberes e práticas locais sobre plantas de uso medicinal na comunidade Julião (RDS Tupé – Amazônia Central) Scudeller, V.V.; Vaz, L. P. N.; Gomes, D.; Bezerra, M. M.;Ballesteros, K. V.; Oliveira, B. K.; Cortezão, R. H.; Veiga, J.B. 2)Gênero e o conhecimento etnofarmacológico na comunidade Julião (RDS Tupé – Amazônia Central) Scudeller, V.V.; Vaz, L. P. N.; Gomes, D.; Bezerra, M. M.;Ballesteros, K. V.; Oliveira, B. K.; Cortezão, R. H.; Veiga, J.B. 3)Etnofarmacologia de plantas usadas no tratamento de malária e males associados pelos comunitários do Julião, RDS Tupé, Amazônia Central Veiga, J.B. & Scudeller, V.V. No primeiro estudo, que busca conhecer, resgatar e valorizar o conhecimento popular tradicional sobre plantas medicinais, os comunitários citaram 126 plantas, seus usos e forma de preparo. A copaíba foi a planta mais citada. Conclui-se que estes moradores da comunidade do do Julião, apesar da proximidade com Manaus, ainda apresentam forte relação com a vegetação local (floresta de terra firme) e detêm um bom conhecimento sobre plantas usadas para fins medicinais. No estudo sobre o conhecimento de homens e mulheres separadamente, observou-se uma tendência dos homens conhecerem um maior número de plantas que as mulheres. Isto é uma tendência ao contrário do que já foi observado por outros estudos sobre esta questão. Mas pode-se tentar explicar esta situação pelo fato dos homens terem uma maior mobilidade na área, o que proporcionaria um conhecimento maior sobre espécies da mata, além daquelas cultivadas nos seus quintais, área mais frequentemente utilizada pela mulheres, ao contrário dos homens que saem para caçar e coletar, por exemplo. Na fase seguinte, onde os comunitários visitarão uma área demarcada na floresta e individualmente registrará os usos conhecidos para cada uma das plantas amostradas, será verificada se essa tendência de diferenças do conhecimento se mantém. No último estudo procurou-se registrar, dentre as plantas citadas pelos comunitários aquelas de uso contra malária, enfermidade comum na RDS. Trinta e cinco dessas espécies foram citadas como sendo de uso contra malária e males associados. Neste estudo também foi verificado que as mulheres conhecem maior número de plantas herbáceas, que são cultivadas próximo da casa e, os homens as plantas da floresta. Todo o conhecimento tradicional levantado será organizado e divulgado para outras comunidades da RDS, abrangendo todas as faixas etárias dos moradores dessas comunidades. Além disso, algumas plantas selecionadas em conjunto com os comunitários, farão parte de um “Horto Medicinal Comunitário”, que funcionará como o centro irradiador, tanto do conhecimento sobre as plantas quanto das próprias plantas, para quem quiser cultivá-las para sua utilização como remédio.

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